segunda-feira, 5 de julho de 2010

"Por mim, tanto faz."


Era, aproximadamente, 9:00h. Dentro de um ônibus, lotado, quando o motorista não mediu esforços ao fazer uma parada possibilitando a entrada de mais passageiros naquele transporte. Um passageiro se atreve, a essa hora da manhã, argumentar e exigir seus direitos. Aquele homem deveria ter os seus vinte e tantos anos, se não me engano. Mas isso pouco importa. Todos nós deveríamos fazer como ele. Expor, em alto e bom tom de voz, a intolerância, frente a certas situações que vivenciamos em alguns momentos. Essas que, de tão comuns em nossas cidades, se tornam normais aos olhos de pessoas sem senso crítico, como aquela mulher que, de certa forma, tornou-se infeliz ao se expressar dizendo: "Eu chego para trás, me exprimo aqui. Por mim, todo mundo entra." e quando disse uma frase que é de praxe, quando a malandragem, a incompetência, corrupção e afins estão em questão. Ela disse: "Isso é Brasil, meu caro". Aquele homem não mediu as palavras ao dizer que é por causa de pessoas assim, que vivem do "Por mim" e/ou do "Isso é Brasil", que o mesmo não vai para a frente. Foi nesse momento que ele começou a expressar sua opinião em relação àquele modo, como o qual os trabalhadores e estudantes são obrigados a se apresentar para chegarem ao seu destino. O homem me fez repensar alguns fatos. É verdade que temos o direito de andar em um transporte digno, não só limpo e bem cuidado, como é o de nossa cidade. Mas também um transporte público que nos faça perceber que mesmo pagando R$1,00 pela passagem, somos dignos de nos transportar de forma confortável. É certo que não devemos almejar uma viagem como se estivéssemos dentro de um táxi, mas que temos direito de poder estar dentro de um ônibus sem que passe um "carinha" safado e se esfregue, aproveitando-se da situação, isso temos. O mesmo direito tem uma senhora, ao não precisar andar até a metade do ônibus procurando um lugar em que possa sentar, isso quando o encontra. Aquele homem falava exatamente nisso, em direito. E a empresa tem obrigações para conosco. Além disso, o transporte é público, não gratuito. Ela vende um serviço, nós somos seus clientes e pagamos pelo mesmo. Todas as pessoas que lutaram pelos seus direitos no passado, os conseguiram com muita luta e até mesmo sangue. E hoje, muitos de nós fechamos os olhos ou preferimos fingir que não enxergamos a falta de responsabilidade de algumas instituições. O jovem disse algo mais que me fez refletir e, definitivamente, concordar com ele. "Ali tem dois avisos. Um diz que é proibido fumar. O outro, que o número de passageiros em pé deve ser ZERO." Sim. Zero. Porém devíamos ser mais de... não tenho ideia, de quantas pessoas exprimidas, como sardinhas enlatadas. E ele concluiu: "Se eu estivesse fumando, com certeza o senhor motorista pararia o ônibus e pediria que eu apagasse o cigarro ou me retirasse, caso eu não concordasse com a primeira opção. Agora, em relação ao aviso do número de passageiros de pé. Nada acontece." Mas o motorista não tem culpa, ele cumpre ordens, isso é fato. Eu ouso dizer que, ele te muita informação. Uma pessoa que é ciente quanto aos seus direitos, mas que sozinho não conseguirá mudar nada. Se havia outras pessoas que prestaram tanta atenção quanto eu, no momento em que ele e a mulher discutiam, com certeza, essas devem ter tomado uma dose de cidadania. E espero que algumas outras, como a "Tanto faz", não pense que uma pessoa que "grita" por seus direitos daquela forma, seja um idiota, imbecil, que quer conforto e deveria pegar um táxi. Isso acontece pelo fato da empresa ser única na região. Esse monopólio atrapalha, e muito, o progresso. Já que não há concorrência, a qualidade no atendimento não deve ser questão de discussão entre os responsáveis. Não temos para aonde correr. Temos que continuar em ônibus lotados, como se fôssemos obrigados a "engolir sapo" cada vez que sairmos para um dia de trabalho. Mas isso só continuará a acontecer enquanto nos comportarmos da mesma maneira que aquela senhora. E então, para você, tanto faz?

Nenhum comentário:

Postar um comentário